Nesta página, apresento  aos nossos leitores  uns momentos de prosa entre dois queridos amigos, embora separados pelo Atlântico e pelo desconhecido...estão unidos pela mesma sensibilidade e gosto pela escrita nomeadamente em  prosa. Desta forma o meu desejo é presentear estes amigos e oferecer ao público momentos repousantes nesta leitura .

Para delícia de nossos olhos e regalo de nossas almas ...mais uma vez ...

Jota Há &  Maria Teresa

Divagando em prosa nos presenteiam com estes maravilhosos textos...

Confiram

Comentário : Cecília Rodrigues

___________________9_05_2006____________________

 

ODEIO AS MANHÃS

Jota Há

Mais uma vez eu faço isso: acordo, após uma longa e desanimada trégua contra o mundo.
Abro os olhos, retomo consciência de que estou vivo.
Prova cabal, são as ramelas, colocadas criminosamente em meus olhos.
Estou vivo, todos, sem excepção, acham que eu devo me levantar.
Eu não consigo aceitar que alguém se sinta bem, estando acordado no período chamado: manhã.
Há algo muito errado, não sei se comigo ou com as outras pessoas.
Mas eu continuo afirmando que tal espaço, tal intervalo de tempo foi criado para as pessoas dormirem.
São exactamente três horas da madrugada e eu estou escrevendo, não pensei ainda em ir para a cama.
Talvez seja por isso que odeio as manhãs.
Suponho que esta vai ser uma bela manhã, lá pelas 10 horas.
O céu estará azul; o termómetro irá subir até um número que não significa nada para mim; o ar vai estar límpido; e as aves, eu garanto a você, estarão cantando.
Eu já vou estar de pé há varias horas; já devo ter feito uma série de coisas, mas ainda vai haver uma coisa que eu gostaria de fazer: voltar para cama.
Tenho tentado ser uma pessoa madrugadora.
Já há algum tempo tenho tentado levantar-me cedo, tomar um bom café da manhã, barbear-me, ler os jornais.
Venho tentando em resumo, estar acordado de manhã.
Na verdade, não suporto as manhãs.
Nunca pude suportá-las e provavelmente nunca poderei.
E chateia-me a ideia de que devia suportá-la.
Não sou uma pessoa madrugadora.
Não é culpa minha; é uma deficiência – como ser baixo ou canhoto ou ser sardento, quando se é jovem e se quer parecer durão.
Espera-se que eu funcione ao mesmo tempo em que os outros; que saia de casa com um sorriso no rosto, pisando duro como fazem os personagens de anúncios de televisão, saudando a droga da manhã com um sorriso.
Inútil.
Injusto!
As pessoas como eu precisam organizar-se.
Temos de fazer uma manifestação de protesto em alguma repartição governamental... na parte da tarde se possível.
Para a maioria das pessoas, os que como eu, odeiam as manhãs, são chamados de dorminhocos, afirmam até que se ressentem de falta de carácter.
Meu pai foi o mais típico madrugador sem paciência para com os que não o são que eu conheci; considerava pecado ficar na cama quando o sol já estava brilhando no céu.
Entrava em meu quarto quando eu era garoto, olhava para mim e mandava-me sair.
Eu perguntava por quê, e ele respondia: Porque são horas de levantar!
Sei que os psicanalistas vão inventar teorias sobre tudo isto – que receio enfrentar a vida ou qualquer outra baboseira assim.
Garanto que não é o caso.
Adoro a vida.
O que odeio são as manhãs.


"A vida é cheia de obrigações que a gente cumpre, por mais vontade que tenha de as infringir deslavadamente."
Machado de Assis

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Quando penso em ti

Mar_teresa


Quando penso em ti
Tão longe de mim
Nessa ilha de encanto
Onde sereias te cantam
Melodias sem pranto
Sei que te perdi.
Porque o meu canto
Está longe de mais
P'ra chegar aí
Porque o teu amor
Esgotou-se no tempo
Que esperaste por mim
Porque o nosso encontro
Foi feito de enganos
Salpicados de dor

Mar
(T.E. - 07/04/06)

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Grãozinhos de Areia

Jota Há

Querida amiga desconhecida, você já notou como brilham ao sol, os grãozinhos de areia? Já notou como o número de grãos de areia é incontável pelo homem? Que esses simples grãozinhos podem representar o infinitamente grande?
Os grãozinhos de areia se assemelham às estrelas. Se eles pudessem pensar, nunca poderiam alcançar pela imaginação todos os outros grãozinhos existentes no mundo. O mesmo aconteceria com as estrelas. Se cada uma das estrelas pensassem, seus pensamentos jamais alcançariam o número infinito de outras estrelas que povoam o espaço sideral.
Pobres grãozinhos de areia e pobres estrelas perdidas na imensidão de tantas outras estrelas e outros grãos.
Querida amiga, amo os grãozinhos de areia, amo as flores, amo as estrelas, os sorrisos das pessoas, o céu azul, a chuva, a desconhecida que passa, as pessoas que não me compreendem aos meus amigos. Amo a vida e amarei sempre, porque sei que em algum lugar há os grãos de areia, há flores, há sorrisos, há um céu azul mesmo atrás das nuvens. Mas... eis o que há de melhor, minha querida amiga desconhecida: Você existe.
 

Jota Há

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NOITE SOLITÁRIA
Jota Há

Não importa que você esteja longe ou perto.
O importante é que você exista
para que eu possa sentir sua falta.
Quero ainda chorar nas noites
solitárias da vida,
para mostrar que ainda não me deixei
vencer pela morte.
Se choro é porque tenho necessidade de
carinho, ternura e de amor.
Ainda tenho esperança.
E quem espera e ama,
mesmo que derrame lágrimas
amargas,
e que soluce tristemente nas
tristes sombras da vida,
ainda vive,
porque esperar o amor,
é esperar a própria vida,
pois que amar é viver
e viver é amar...
Minha querida
amiga desconhecida.

"Se você não se atrasar demais, posso te esperar por toda a minha vida."
Oscar Wilde

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Manhãs solitárias

Mar

As minhas noites solitárias, chamam-se manhãs e têm o teu rosto.

Imagino-te com um semblante sereno mas triste.

Adivinho que estás em paz, aí nesse lugar distante onde eu não tenho entrada, mas quero ter a ilusão de que ainda existem fragmentos de mim na tua memória.

Quero pensar que a tua tristeza se deve à minha ausência e às saudades que ainda tens de mim. Que percorres esse mar imenso com o olhar e que é em mim que pensas.

São tantas as palavras guardadas que eu tenho para te dizer.

São tantos os lugares que ainda tenho para te mostrar.

É um oceano inteiro de sorrisos e ternura que ainda tenho para te dar.

Os sonhos que eu sonhei, não os queres abraçar?

Quantas manhãs eu verei o Sol sem a tua presença?

Sabes que eu existo, mas será que ainda existo para ti?

Quanto tempo eu vou esperar por ti até outro alguém chegar?

Não demores que o meu tempo está-se a acabar.

Mar(T.E.)

22/04/06

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CONTRASTE
Jota Há


Quanto contraste!

E eu que como aquele personagem bíblico,

só preguei a paciência e a espera,

mesmo usando palavras alheias eu disse:

"Se você não se atrasar demais,

posso te esperar por toda a minha vida."

Eis que, minha ilustre

e querida amiga desconhecida

sugere já um arremate.

E pergunta:

Os sonhos que eu sonhei

não os queres abraçar?

Como não, pois, como abraçar

algo que já está abraçado?

Sonhar com o que já é

um sonho,

não é mais viver de sonhos.

É viver de realidades

eternas e infinitas,

que já não pertencem ao

nosso mundo de homens,

mas ao mundo de infinita paz,

de infinito silêncio,

de infinito amor,

de infinita sabedoria.

Quando estamos assim tão longe

das realidades

eternas e infinitas,

quando sobre elas meditamos,

parece-nos sonhar com um sonho.

Com um sonho de recônditos

e misteriosos tesouros

do infinito...

Minha querida e doce

amiga desconhecida,

não me apresse,

com o passar dos tempos

nos habituamos a ...

Viver de migalhas...

Receber migalhas de amizade,

de paz, de felicidade,

de carinhos e migalhas

de amor...

Receber em tudo migalhas,

migalhas apenas...

Oh! Vida vazia e vã,

de vazias e vãs migalhas.

Oh! Tristes migalhas da

Vida...

Embora, talvez um

tanto triste.

Que coisa boa minha

querida amiga desconhecida.

Agora eu sei que você existe.

Jota Há

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AMIGA

 

Jota Há

 

Nas doces brisas,

nas fulgurantes auroras,

na tranqüilidade azul

dos lagos e do céu,

no perfume das flores,

nos tristonhos crepúsculos,

nas montanhas altaneiras,

no mar insondável,

enfim, em toda a Natureza,

vejo e espero Você.

Venha, amiga,

sentir as brisas e os aromas

dos campos;

venha, sentir a seus pés

a brancura das areias

de praias nunca pisadas.

Venha comigo, contemplar

a grandiosidade dos céus

estrelados.

Venha sentir comigo o hálito

da lua.

Venha comigo, sonhar com a

Eternidade...

Venha, minha doce:

Amiga desconhecida...

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