NOSTALGIA


Jota Há


Por favor, não confundir os dois termos: Nostalgia com Saudade.

Nostalgia: Sofrimento do ausente. Pesar pelo bem perdido.

Saudade: Recordação, entre triste e suave, de pessoas ou coisas distantes ou extintas, acompanhada do desejo de tornar a vê-las ou possuí-las.

Reiteradas vezes eu abordei o tema saudade e todas para discordar de sua existência. Não só da palavra, mas também do seu conteúdo.

Nostalgia nos ensina que: mesmo quando carregadas de sofrimentos, as experiências de vida podem nos trazer grande enriquecimento pessoal.

A partir delas acumulamos informações que, quando somos capazes de valorizá-las devidamente, transformam-se em sabedoria.

Nostalgia costuma ser uma lembrança dolorosa, mas significativa, e ao mesmo tempo uma oportunidade de aprendizado.

Por meio dela sabemos o que é bom e valioso, e quais são as pessoas com quem vale a pena nos envolvermos – e nos habilitamos então a identificá-las.

Assim, nos tornamos capazes de evitar perder novamente aquilo ou aqueles que, muitas vezes por ignorância, inexperiência ou incapacidade de valorizar corretamente, deixamos ir embora uma vez.

Saudade, levada ao pé da letra, como se costuma dizer, não passa de ilusões criadas em torno de alguma etapa de nossas vidas.

Constantemente, devemos lutar para acabar com essas ilusões.

É bem possível confundirmos esse sentimento, e, senti-lo por coisas que não existiram ou pelo menos não foram exatamente como lembramos.

Pode ser um namoro que nos pareceu iluminado pela poética chama de um amor infinito – embora quase nunca imortal – e que não passou de entusiasmo juvenil.

Algo semelhante ao gosto incomparável do virado de bananas que a mãe fazia e que deve grande parte de sua qualidade ao ingénuo paladar infantil.

Por mais que procuremos, nenhuma comida jamais terá o sabor da infância.

Da mesma forma, grandes recordações correctamente revisadas assumem sua verdadeira e geralmente diminuta proporção.

Muitas vezes sofremos pelo que nem chegou a acontecer.

Imaginamos oportunidades que seriam magníficas, como o encontro da companheira que teria sido perfeita se não a tivéssemos perdido.

Tanto lamentamos o desencontro com alguém tão especial (saudade) que achamos impossível haver substituta à altura.

Saudade.

Saudade é sonho e, os sonhos são impossíveis acordados.

Portanto, com ela, corremos o risco de ficarmos aprisionados a ilusões passadas, perdendo a possibilidade de encontrarmos realidades presentes que talvez não possam rivalizar em grandeza com o que sonhamos, mas que têm a vantagem de serem verdadeiras.

Por vezes, a falta de vivência nos leva a fantasiar e a super valorizar situações que não aconteceram – saudade.

Porém, quando deixamos de cultivar tal sentimento e nos livramos da tentação de procurar reproduzi-la, ficamos livres para viver o presente e, quiçá olhar o futuro com esperança.

Para isto faz-se indispensável vencer o medo do desconhecido, pois é ele que nos leva ao passado, à tentativa de repeti-lo e assim à perda de novas oportunidades.

"Saudade".


"É duro lutar contra o desejo, mas vencê-lo é próprio do homem de bom senso."

Demócrito

Jota Há _ Brasil

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