Tinha sido uma
experiência maravilhosa ir com o avô, à serra apanhar musgo, colocar
a figura do Menino Jesus em palhinhas de verdade, dispor com as suas
pequeninas mãos todas as figuras de barro, as casinhas, o moinho, a
fonte e como ela estava satisfeita do seu lago, feito de espelho,
escondido entre o verde do musgo fresco.
Todos os dias,
acordava e ia ver o seu presépio e não se cansava de olhar,
olhar e esperar.
Quando a sua
mãe lhe disse numa noite: - Filha, o dia de Natal é amanhã
quando acordares - os seus olhos brilharam e ela saltou e dançou de
alegria, dando gargalhadas como só as crianças sabem
dar quando estão
felizes.
No outro dia ao
acordar, lembrou-se logo que tinha finalmente chegado o dia tão
esperado.
Tudo dormia ainda na
sua casa. Era muito cedo, mas ela escorregou da sua cama, descalça e
em camisa de dormir e correu para a sala de jantar, para
abrir os presentes que tinha pedido numa carta ao Menino Jesus,
escrita por sua mãe.
Entrou na sala e logo
ficou quieta. Os seus olhos encheram-se de lágrimas. O "seu"
presépio estava completamente destruído. O gato Farrusco, com
quem tanto brincava, estava ali, soberano e desafiador. Tinha feito
a sua cama no macio musgo e todas as figuras estavam espalhadas
pelo chão, algumas partidas.
Chorou até acordar toda a
gente. Conformou-se com a promessa de novos "bonecos", mas só sorriu
quando percebeu que a figurinha de barro do Menino Jesus estava
intacta e estava a olhar para ela docemente.
Nunca esqueceu aquela
manhã de Natal. Até hoje!
Maria Teresa Esteves