Luiz Poeta - Rio de Janeiro - Brasil
Soneto
D. Pedro II
Não maldigo o rigor de iniqua sorte,
Por mais atroz que seja e sem piedade,
Arrancando-me o throno e a magestade,
Quando a dois passos só estou da morte!
Do jogo das paixões minh'alma forte
Conhece a fundo a triste realidade,
Pois, se agora nos dá felicidade,
Amanhã tira o bem, que nos conforte.
Mas a dôr que excrucia, a que maltrata
A dôr cruel que o animo deplora,
Que fere o coração e quasi o mata,
E' ver da mão fugir, á extrema hora,
A mesma bocca lisongeira e ingrata,
Que tantos beijos nella poz outr'ora!
(Grafia
da Língua Portuguesa em 1914)
Na semana em que se comemora os
200 Anos de Chegada da Família Real Portuguesa ao
Brasil, o Boletim Eletrônico
de Cultura da UNIVERSO, garimpou este soneto escrito por
Dom Pedro II, durante o seu
exílio, após ser deposto no dia 15 de novembro de 1889. Vale registrar que
Dom Pedro faleceu no exílio, na cidade de Paris, em 5 de dezembro de 1891 e
que a ele o Brasil deve uma série de inovações e de construções de
equipamentos públicos, que ainda hoje atestam a modernidade das idéias do
nosso Imperador.
Este soneto segue com um abraço especial
para o nosso aliado cultural, o Príncipe Dom
João de Orleans e Bragança, nosso parceiro nas rodas de
poesia e literatura, sendo, também, nosso anfitrião em sua casa de
Paraty, onde realizamos durante a
Festa Literária de Paraty (FLIP), um tradicional Sarau sob
uma amendoeira centenária e iluminado por tochas, ocasião em que poetas do
Brasil inteiro, revezam-se no ato de dizer seus poemas ou apresentarem-se
através de outras performances artísticas.
Aqui fica o abraço de gratidão ao Príncipe Dom João de Orleans e Bragança
(um poeta do olhar) e toda a sua família.
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_ Formatado
por Cecília Rodrigues
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