Prefácio
Jota Há
Não vou incorrer aqui num erro primário pois,
prevenido que já estou por ninguém menos que Machado de Assis que na introdução
de seu primeiro romance "Ressurreição" advertiu:
"... A crítica desconfia sempre da modéstia dos
prólogos, e tem razão. Geralmente são arrebiques de dama elegante, que se vê ou
se crê bonita, e quer assim realçar as graças naturais. Eu fujo e benzo-me três
vezes quando encaro alguns desses prefácios contritos e singelos, que trazem os
olhos no pó da sua humildade, e o coração nos píncaros da sua ambição. Quem só
lhes vê os olhos, e lhes diz verdade que amargue, arrisca-se a descair no
conceito do autor, sem embargo da humildade que ele mesmo confessou, e da
justiça que pediu..."
É... se alguém se propõe a falar de algum "bicho", por que não falar sobre
os "porcos" e de suas absurdas filosofias? Muitos são os autores que no passado
escreveram sobre os "porcos". Uma pequena pesquisa e já teríamos material para
dois ou três volumes. Neste pequeno prólogo, citarei apenas um autor sobre o
assunto para não prolongar o prefácio, e nem incorrer em risco de que ele se
torne mais importante do que o próprio livro.
Em A Revolução dos Bichos, George Orwel fez uma parábola anti-stalinista:
porcos semiletrados libertam os bichos da eterna tirania dos homens e assumem o
comando da granja, prometendo igualdade entre os animais. Logo se apropriam de
todo o leite, de todas as maçãs e de toda a cevada. Cachorros adestrados
perseguem os opositores do regime. Ovelhas analfabetas repetem mecanicamente os
bordões doutrinários criados pelos porcos. Cavalos obedientes trabalham até
morrer.
Embora sejam incompetentes na administração da granja, os porcos se
mostraram muito competentes na arte da propaganda e na manutenção do poder.
O final da parábola de George Orwel, A Revolução dos Bichos, é bastante
conhecido. Todos os planos dos porcos fracassam. Eles começam a se vestir como
homens. Começam a beber, a fumar e a jogar cartas. Começam a negociar com o
inimigo. Até o dia em que fica impossível distinguir quem é homem, quem é porco.
Qualquer semelhança com os nossos vinte e tantos anos de regime militar é
mera coincidência, é absurda suposição...
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Porco e a Filosofia" encontra-se a venda no Site:
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