Parte I

O que me moveu a escrever esse poema , foram os anos vividos em São Paulo , os dias repetidos de abandono , as crianças que a cada dia aumentavam na Praça da Sé e imaginar um futuro ...
Lá na frente , seríamos vítimas do nosso descaso ! Assim estariam as crianças em nosso Brasil de tantas diferenças . Cenas reais que nos obrigam a uma reflexão profunda sobre um futuro negro , porém que ainda pode ser mudado se as pessoas fizerem a sua parte . Independente dos políticos. A esperança existe em nosso povo . Este sempre dá uma resposta ao grito do oprimido, das grandes causas !
O mais importante desta ciranda é que vários poetas , formadores de opinião , expressaram a sua tristeza , a sua indignação e preocupação com esta triste realidade . Os Meninos da Sé , representam tantos outros nas mesmas condições e que, amanhã , estarão determinando um Brasil mais violento , mais desumano , mais frio e injusto .
Abraços com carinho .
Martinez
 

 
É com imenso prazer que lançamos ao mundo "A Ciranda Meninos de Rua", idealizada e iniciada pelo nosso querido MAESTRO MARTINEZ, que prestigiou e deu a coordenação para nossa querida poestisa RAQUEL CAMINHA MATOS. Ela como sempre gentil, e prestativa, teve a coragem e ousadia, acompanhada de muita paciência, na elaboração dessa ciranda de poetas reais e virtuais, num tema que mexeu com o coração de todos, servindo de alerta às autoridades, para que olhem mais por esses "Meninos de Rua". É uma leitura imperdível!
Obrigada e parabéns a todos os participantes que depositaram total confiança em nosso trabalho.
Agradeço a SimoneCz pela bela formatação, nos cedendo o fundo de página do poema do MAESTRO MARTINEZ, que deu início a essa ciranda. Trata-se, de fato, de uma verdadeira obra de arte, dessa formatadora de altíssimo nível, sendo atribuidos a ela os créditos.   
    
"Meninos de Rua"... é o desejo real
de todos nós vermos essess meninos nas escolas
Raquel Caminha   
Tema:Meninos de Rua - Maestro Martinez-
Coordenação: Raquel Caminha Matos
Autores: Diversos
 
 

 
MENINOS DA SÉ !
José Geraldo Martinez
 
 

Sei lá qual anjo protege
 as crianças abandonadas !
Sei que as entende e delas cuida pelas calçadas
nuas ...
Deixa mais brando o sereno da noite,
menos frio o chão das ruas.
Arruma mãos anônimas que estendem
 a compaixão.
Perfumadas mãos de alguém
que encontram tempo
para entregar-lhes o pão,
do amparo provisório para noite que advém!
Acomoda os malvados,
cegando-os da perversidade .
 Deixa-os em penumbra em seus frios abrigos,
escondendo-os em plena luz da cidade,
até que amanheça o dia
desperto nos sinos da Catedral da Sé .
Lá estão eles com olhos de abandono,
daqueles que perderam, na vida, a fé !
Mutantes: trombadinhas, flanelinhas,
vendedores de bugigangas,
até crescerem e ponto final .
Parece partir esse anjo
nesse exato momento,
quando mortos viram manchetes
de um qualquer jornal.
Os que vingam serão o futuro...
Recrutas de um PCC frio e vil !
Passaram uma vida inteira na Sé ,
no mundo que nunca os viu !
De quem seria a culpa ?
Dos governantes ? Sua ? Nossa ?

Ah, Deus !
Quem seriam as pessoas que as filas
de cegos ,engrossam ?

Ah, Senhor , tenho fé !
Quero os meninos da Sé e do Brasil
salvos de verdade...

Neste tempo que ainda vivemos para ver,
antes que nossos olhos
percam de vez a piedade .

 ______________
 
Possível Sonho !
Maria Thereza Neves

Sim , serão possíveis
se não todos, alguns ...
mesmo enfrentando tormentas e dissabores
Com garra lutarei , vencerei !

Não quero nem pensar em erros
debilitar a alma
e com prantos apagar
a luz das estrelas ...
Eu preciso sonhar!

Caminhando sempre estarei
não importa quão longe esteja
direitos, Paz espalharei
jardins plantarei.

E não descansarei
mesmo que minha busca seja infinita
que o inferno esteja próximo
ao meu sonho serei sempre fiel
tudo, tudo enfrentarei !

Mesmo que não chegue ao topo
que medalhas não receba
sei que serei vencedora
porque jamais desisti ,
me entreguei.

Se preciso for, das cinzas voltarei
as cicatrizes apagarei , secarei
dos trapos , das migalhas
ressurgirei regando, adubando
mesmo que sejam somente
sementes dos sonhos meus!
 
_____________
 
FILHOS DO ABANDONO!
Bernardino Matos.
            
Deus deve ter posto um anjo em cada esquina,
cada um com uma missão especial,
um para manter a auto-estima,
de cada desempregado,
 nessa caminhada crucial.
Outro para conduzir os cegos na escuridão,
indicando-lhes o caminho da esperança,
e, certamente, na Praça da Sé,
 estarão,muitos para devolver
 a cada criança a esperança.
Alguns terão a função de reduzir das calçadas
 a umidade,
outros para amenizar o frio das noites vazias,inúmeros para afastá-los da rota da criminalidade,outros para sensibilizar os
transeuntes de almas frias.
E o sofrimento de impotência carregamos nós,
pois não podemos fazer quase nada,
 apenas dar-lhes migalhas,
os governantes impassíveis nos deixaram totalmente sós,e se refestelam, impunes,
por trás de repugnantes muralhas.
Oh! Deus, pra que nos destes uma natureza tão rica,essa costa imensa, que conserva
no seu seio tantos alimentos,
essa variedade incrível de climas, de solos,que os olhos purifica,
para deixar errantes tantos miseráveis,
 de paz e de amor sedentos!
Nessa páscoa,de joelhos, Te pedimos, mudanças,de comportamentos,
de atitudes,de sentimentos,
pavimenta melhor esse tortuoso caminho de nossas andanças,faz com que a fé,
a coragem, a honestidade,
 sejam os nossos condimentos!
Acabe com a seca no nordeste ,
faça desaparecer daquele solo desolado
 as rachaduras,devolva a produtividade daquela região agreste,distribua melhor
 as porções de tristezas e de agruras.
E, certamente, aquele povo sofrido,
fará chegar até à Praça da Sé,
um punhado de carinho e tornar menos dolorido,esse nosso sofrimento,
devolvendo-nos a coragem e a fé.
Lá campeia a solidariedade,
as angústias são repartidas,
existe um corredor imenso onde circula a caridade,lá, como aqui,
as mãos estão estendidas
 
_________
 
MISÉRIA HUMANA
marisa cajado
            
Que humanidade é essa
Que deixa ao relento uma criancinha
Que segura uma arma numa mão
Enquanto a outra procura uma bolinha?
            
Que tem sede e fome de ternura,
Que derrete ao aconchego de um abraço
Pedindo abrigo uma palavra de brandura
E ainda consegue sorrir em seu facasso.
            
Oh! Deus eu ofereço minha mão
Para tecer ação em prol desta criança
E abro-te meu coração
Para entregar a ela amor e confiança
            
E peço que me ampare nesta luta travada
De demonstrar , o sucesso que afiança
O auxilio à criança em sua jornada.
Traçando sementeira de esperança.
_________
 
MENINO DA PRAÇA
Theca Angel


Menino, o que vejo a escorrer de teus olhos
serão lágrimas sentidas?
Tua face expõe sulcos em meio a fuligem
que a impregna...
Serão eles, símbolos de tua desventura,
de teu passar por esta vida em contínua
 luta aguerrida?
Aonde estão os teus sonhos...
Por acaso os deixaste em algum lixo
onde procuraste o calor do alimento
que te sustentaria  o corpo franzino?
Não me olhes como a mais um inimigo!
Divido contigo a agrura das
esperanças perdidas...
Nada sou, caminho sem destino,
pois me fiz réu do infortúnio
 em anos passados,
não me importando que aqui, bem ao meu lado,crescias sem que uma única voz
se elevasse em teu socorro!
Teus pés descalços mostram-me hoje,
a sujeira em que atolei minha alma!
Pobre de ti, menino!
Ainda mais pobre sou eu, por carregar o peso de minha consciente covardia...
Enquanto perambulavas solitário,
sujeito a violência que açoitava teus caminhos,eu prosseguia minha vida
em meio as falcatruas
e uma inexorável agonia.
Sou mais um reles cúmplice,
dos muitos que se esqueceram que existes!
Imaginei que assim eu seria para sempre, feliz!
Hoje sou eu quem peço tua ajuda...
Perdoa  este réu!
Vem comigo para que eu te mostre os horizontes
que acreditavas estarem perdidos!
Dá-nos a última chance de salvar-nos,
pois caminhamos a beira do precipício
do qual não existe retorno!

A minha alma nos estertores da vida
 te agradece!
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Meninos-anjos
Maria Regina

Óh! Pai de amor misericordioso
protejeis esses meninos sem infância,
sem afetos, sem acalanto,
deserdados do destino;
Impiedosamente órfãos de todos
seus sagrados direitos,
pobres servos da divina providência,
a perambularem pelas ruas sem
quaisquer perspectivas e vislumbre
de um mundo mais humano e justo,
com humanos seres mais generosos,
benevolentes, caridosos, sensíveis e dispostos a mudarem
essa tão cruel e perniciosa quanto injustificável e atroz realidade.
Óh! Pai de amor misericordioso,
livrai-os da escravidão dos " trabalhos forçados" a que submetidos são pelos perversos que extrapolam e veiculam a lei da crueldade e do abuso de autoridade, materialistas ferrenhos despudorados,
considerando que seus frágeis corpos sejam tidos como " meros instrumentos" subjugados, submetidos e levados a práticas desumanizantes, sob a égide de uma legislação que mascara ainda a prática escravagista, discriminatória e arcaica
como o uso da força bruta,
subtraindo covardemente desses meninos-anjos toda sua auto-estima, elevando-os ao nível absurdamente animalesco, desconsiderando-os de seus sentimentos,
emoções, percepções e reflexões
sobre elas mesmas, perdendo totalmente suas referências;
Óh! Pai de amor misericordioso,
fazeis com que os responsáveis por eles
tornem-se côncios de que a adolecência
é um momento crucial e decisivo
na sua constituição enquanto indivíduo e na sua consequente influência,
durante toda a vida desses
menores-anjos, garantindo-lhes
a condição de cidadão e humano,
" lacto sensu " da palavra.
Permanecerá intacta em meu ser,
a imensurável Fé em D'us de que isso
torne-se realidade. Amém

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MOLEQUE
Mercília Rodrigues


Moleque de rua , arteiro,
Que vive de pé no chão,
Traz o olhar zombeteiro e
Boca com palavrão
Mostra, moleque safado,
O que te faz diferente !
Este teu corpo danado
Ou teu sorriso sem dente ?
- É noite pra ti ...
Pra mim é dia ...
O manto escuro que me acoberta,
Permite a mim arrelias ...
Sou a fome que te bate à porta,
Sou a obra do descuido teu !
Encho minha boca de palavras tortas,
Roubo-te o pão que não era meu.
Desgraça pouca não é valentia !
Não tenho braços pra me aquecer.
Sou a consciência de tua covardia ,
Saber que existo, sem me atender.
De dia durmo e não vejo a hora
E rico sou, por estar vivendo...
Não ver a mãe que lá se foi embora
E o pai de dor, aos poucos foi morrendo...
Do mundo sou a folha errante,
Jogada ao vento pelos sopros teus...
Jornal da noite sem um assinante,
Sou moleque, teu irmão em Deus !

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NAS ESQUINAS DA VIDA
Raquel Caminha Matos

Olhando as esquinas da vida,
vejo crianças, jovens, com alegria aparente.
Imagino que eles são felizes, que ironia a minha!
Logo vejo a mesma fita, a realidade da vida.
Sem condições de sustento,
todos sem colégio,
sem  roupas e sem alimentos.
Aquela alegria faz parte da peça de teatro,
que não precisamos pagar para ver,
o espetáculo, é de graça, está em todas as esquinas, e  o professor, é a 
realidade de uma vida sofrida,
nesse abandono onde as autoridades fazem questão de não assistir o espetáculo.
Sinto uma imensa  dor no peito, tenho
dó dessas crianças, que poderiam ser
o futuro do nosso país.
Quantas ali sentadas naquelas esquinas,
tem um QI acima do normal, precisando
apenas de uma ajuda, de uma lição de vida
para subi um degrau e sair dessa sina.
Tenho pena de ver crianças de cinco anos de idade estendendo aquele pequeno braço procurando aliciar para o carro que se aproxima, dando o entender,
estou com fome me ajudem,
meu corpo precisa se alimentar,
por isso vivo nas esquinas da vida, sem pai,
sem mãe, sem uma razão de viver

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NASCEU NA POBREZA
Dr. Fahed Daher ®

Nasceu na favela,
sem raízes,
entre as crises da existência;
com o pai desempregado,
a mãe num duro danado
rogando ao céu por clemência...
Não pode ficar na escola,
perambulou pelas ruas ,
entre um furto e uma esmola

Nasceu num berço de ouro,
teve tudo o que queria,
brincava o que dava o dia
sem sentir necessidade.
Frequentou jardim da infância,
com os amigos que queria,
na exigência e arrogância.

Não tem visão do futuro
o passado não anima
a TV lhe faz ofertas
que não pode alcançar.
Vê tanta gente garbosa
mas sua vida espinhosa
não consegue melhorar.

Último carro do ano
caviar, uísque , viagem
pode fazer malandragem
que a sociedade perdoa.
Fala alto, mesmo grita,
e a platéia não se irrita
diz apenas que é genioso.

Na favela se não chove
só se respira poeira.
Se chove a lama é imundice
vem água da cabeceira.
Lutar pra manter a vida
no meio de tanta lida
tem de lutar capoeira

Nos entreveros da glória
da opulência do dinheiro
entre um furto e uma história
de briga por quase nada.
Se surgir uma facada
e a vítima perecer
a justiça lhe perdoa :
"a intenção não foi matar".

Se tanta fome o domina ,
seu filho morre sem cama
e o desespero reclama
um socorro , uma ajuda...
Passando na padaria
rouba um pão ...que crime feio
a justiça se incendeia ,
ponto final...
Na cadeia.

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NÓLOGO PARA UMA MENINA SÓ
(Reflexões numa noite de Natal)
Lêda Mello
 

 

Hoje, eu te vi chorar, menina.
Uma única lágrima, deslizando pela face,
sem pressa, parecia carregar consigo
a expressão de todas as tristezas do mundo.

Hoje, eu te vi chorar, menina, menina de rua,
E no brilho daquela lágrima de adolescente,
senti o quanto os teus 14 anos de vida
têm transcorrido sedentos de calor humano.

Véspera de Natal, trocas de presente...
Tu, menina-moça, distante do lar, carente de afetos,expressastes, num sussurro,
um único desejo:

- "Eu queria que a minha mãe viesse me ver."
Na tua face, a dignidade de quem está aprendendo,
passo a passo, com coragem e vontade,
mesmo diante de todas e tantas dificuldades,
a fazer a hora do teu mundo e da tua vida.
Na ternura do meu abraço, sentistes
um coração amigo
e escutei de ti palavras redentoras.
Começas a compreender que és digna de ser amada
e que o teu futuro começa neste teu presente.
Nesses meses conosco, vivendo na Fundação,
permitistes-me o acesso ao teu mundo
e fui encontrando em ti uma alma sensível,
meio perdida no torvelinho das carências afetivas,
encontrando nos disfarces a tua sobrevivência.
Aos poucos, estás abandonando os teus disfarces
e permitindo que a expressão das tuas emoções,
no que pese os riscos, sejam verdadeiras,
porque não mais te satisfaz sobreviver.

Qureres viver!
Te vejo, mente aberta para as mudanças,
coração serenado, libertando-se das mágoas,
o ângulo de visão descortinando novos horizontes.
Decidistes por-se a caminho,
 em contínuo crescimento.

Sim, menina, terás a profissão com que sonhas:
serás maquiadora e vencerás.
Terás todo o amor que mereces:
saberás construir a tua felicidade.
És valente. Confio em ti!
 

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Os Meninos
Véra Lúcia de Campos Maggioni®
Vera&Poesia


No menino da rua
moram os meninos do mundo.
Nos meninos do mundo
mora o menino da rua.
Nos meninos do mundo e da rua
mora o menino da praça.
Coração idêntico!?
Oh! são meninos apenas...e 'pena'...Apelam!?

Palpitação, angústia, fome, carência,
insegurança, dor, desencanto, quanto?
Amor, aconchego, ilusão, educação,
paz, atenção, solução, presentes?
Quem aquece e ilumina o coração do menino da
rua, do menino da praça e do mundo?

O Sol faz o que pode, a Terra e a Lua também.
Calor, chão e teto natural. É artificial?

Há responsável por este "estar" do menino,
sem estar em nada...? Vazio_frio!
Ele só povoa um espaço de rua, de praça,
de mundo e, mais nada? Fantasma_miasma!
Trapaça ultrapassa...em desgraça o menino,
passa na praça sem graça, sem dança
e sem tino, em infeliz desatino de destino.
Desgasta sua alma sem lema, nem tema.

Seu coração sem partitura alguma é um choro.
Seu rosto já nasce em abandono de sentidos.
Seus pés de amargos andores são bordados.
Suas mãos perdidas sem rumo, nem lume.
Sua busca é de pão e brandura dissimulada.
O menino é apenas um menino da praça,
da rua no (i)mundo.
Passa, trapaça, ultrapassa...em desgraça.

Será que estamos sem pesar e em coro;
Imunes, cegos e surdos?
Secos, amargos e insensíveis?
Nós os humanos, gêmeos dos meninos do mundo?
Por direitos humanos gritamos em socorro.
Por eles, em nós inseridos os tais feridos,
em arremessados golpes certeiros
nos atingem e, tingem em ação e reação?

Fraternidade, igualdade e solidariedade...
existe na rua, na praça e no mundo dos meninos?
Nascem e morrem sem controle, em sina desdita.
Quem a chama do amor, da fé, da
virtude e da referência bendita irá avivar?
Em 'morte amarga' sobrevivem os meninos,
e quando a 'morte clara' lhes advém,
torna-se liberta a poesia:- Vida nascida em ida.

Oh! eram meninos, apenas...
 

_____________

MENOR ABANDONADO

Célia Jardim  

      
Menino de rua
que sina a sua
abandonado a sorte
busca ser forte...
Rouba pra matar a fome
a criança some
pequeno e já temido
um inocente bandido...
Menino sem nome
no vandalismo se consome
rouba até um chiclete
seu nome agora é pivete...
Adormece na calçada
sente o frio da madrugada
debaixo de uma guarita
chora sua desdita...
Menino sem lar
mora em qualquer lugar
não tem sonhos de criança
em ninguém tem confiança...
Menino sem amor
sua família é a dor
menino de rua
a culpa não é sua...
Menino bandido
menor pervertido
pequeno ladrão
defendendo seu pão...
Menino sem escola
seu caderno é uma pistola
o sofrimento é seu professor
e morre sem aprender o que é o amor...

______________

QUE MENINOS SÃO ESSES
Luiza Porto
            
Que meninos são esses.
Meus filhos, ou netos?
Poderiam ser, se não
tivessem a casa onde
os criei.
            
Que meninos são esses.
São apenas crianças,
sem esperanças, mas
com muitos sonhos em
seu coração pequenino.
            
Que meninos são esses.
Sem direitos.
Sem ajuda, serão no futuro
o espelho de um país.
            
Que meninos são esses.
Senhor...
Que suas mãos, pouse
em prece sobre esses meninos.

______________

LAMENTO
Regina Bertoccelli
             
            
Ah, quanta tristeza, quanta dor ao ver você,
pequena criança, com seu rosto angelical
mas inexpressivo, perdida pelos caminhos da vida
Olhos tristes, sem brilho, que se fixam no horizonte,
na esperança vã de ser tratada como ser humano,
com dignidade e respeito
Anseios e sonhos apagados, risos contidos, mãos vazias
e pés descalços, mas esperançosos em sua luta por
um pequeno espaço, neste mundo tão grande,
mas cheio de injustiças e diferenças...
Uma realidade lamentável que aperta meu coração,
inundando-o de tristeza e angústia
Que Deus derrame suas bençãos sobre essas pobres criaturas,
e ilumine o coração dos insensatos
Que assim se faça, e assim seja...

____

Aquele Menino
Cecília Rodrigues


Aquele menino corre seu caminho
Descalço, roto e sempre esfomeado
Sua estrada não é feita de tapetinho
De duras pedras é seu chão forrado

Saltita ainda assim tão sorridente
-Senhor, dê-me um pãozinho por favor! 
Sorrindo vai seguindo sempre enfrente
Nesse chão, feito de pedras e de dor!

São assim seus dias...e noites frias...
Até que mão caridosa lhe afague o rosto
Já que alegrias as roubaram no seu lar

Quem dera ter uma varinha de magias
Devolver-lhe a luz que dele era suposto
Enfeitar-lhe a vida... e sua fome saciar
 
_____
 
Crianças
Diógenes Pereira de Araújo

Sim todo mundo gosta de criança.
Até calçadas gostam. As calçadas
à noite se transformam em pousadas
onde as crianças dormem ou mais cansam

sem conseguir dormir tamanha angústia
sufoca os pequeninos. Não têm pais.
Se têm não lhes adianta: brigam mais
que cão e gato. Inquietos, seminus


famintos e tristonhos, na maconha
vão procurar fugir da inquietação,
porém sua vida fica mais tristonha


pois se tornam do vício dependentes
Como ajudar, senão por oração?
"Ò, Pai, console os órfãos e carentes".

______
 

APELO AO TEU CORAÇÃO

Socorrinha Castro /  florzinh@


Não  tenho  culpa  se  o  mundo
me  fez  nascer,prá  viver  tanta  dor,
pois,a  única  coisa  que  preciso
é  de  um  pouco  do  teu  amor.
            
Por  isso,  me  olhe  com  ternura,
alivia  com  teu  amor  a  amargura
que  invade  meu  pequeno  coração,
só  do  teu  amor, eu  necessito
prá  abrigar  o  meu  corpo  e  o coração.

Vem ...Me  leva  contigo,
me  dá  o  teu  lar  como abrigo
adota  a  minha  alma,
E,  traz  ao  meu  ser  inocente  a  calma
que  vai  alegrar  o  meu  viver.

Olha  em  tua  volta  as  crianças
que  como  eu  não  têm  esperanças
de  ter  um  futuro  melhor,
por  isso,  te  faço  um  apelo,
se  me  abrires  o  teu  coração,
buscarei  sempre  tuas  mãos  prá  me  afagar.

Se  me  ajudares  agora,
no  futuro  serei  eu
que  à  tí  irei  ajudar,
te  dando  meu  amor  e  carinho
fazendo  do  meu  coração  o  teu  ninho,
e,nunca  mais  vou  te  deixar.
_______

MENINO DE RUA
Renate Emanuele
            
Menino de rua, abandonado
Doente, perdido, sujo, rasgado
Sem lar, sem pão, sem calor
Tem uma vida sem valor
            
Triste, vagabundo, brejeiro
Larápio, esperto, ligeiro
Vive de pedir esmola,
Tem na rua sua escola.
            
Os dias, as noites vagando
Com lixo se alimentando
Está  acostumado a dor
O sol seu único cobertor
            
Da polícia se escondendo,
Entre drogas se perdendo,
Sem Deus, amigos, ou tutor
Nunca soube o que é amor
            
Sem estudo, quando adulto for
Nunca chegará a ser doutor
Perambula na rua a vida inteira
Ou padece e morre na cadeia.
             
Ora, quem por ti olhará?
Quem contigo se importará?
 Menino, meu menino vadio
Teu sangue será teu brio!

_______

 UMA AGONIA
Mário Osny Rosa

            
Outra Menina-Maria
Encontrei outro dia.
Quando ela corria
Nem mesmo sabia.
O que acontecia


Pés descalços.
Polícia no seu encalço
No asfalto escaldante.

Meninos e meninas
Quais seriam suas sinas.
Seria Menina-Vadia
Que pelo mundo sofria.

Ninguém nem a ouvia
Quando um pão pedia.
Para sua fome saciar
Pois não queria roubar.

Sua vida vazia
Seu coração já temia.
O que ela queria
Era sair daquela agonia.

Logo ter sua moradia
Sair deste mundo cão.
Levantar todo dia
E fazer logo sua oração.
_______
 
Sem Abrigo
Glória Febra
             

Tanto dinheiro esbanjado,
Por esse Mundo além.
E o rico  chateado
Por não saber o que tem.

Não sabe como gastar o dinheiro!
Que não lhe custou receber,
Sabe apenas que primeiro,
Está o seu belo prazer.
      
Tanto pobre mal amado!
Tanta gente sem abrigo!
Por ainda não ter chegado,
Nada para um mendigo.

Onde estão os sorrisos de criança?
Com idade para brincar,
Na rua sem Esperança!
Ao sol, à chuva ao luar.

Não têm cobertores de lã!
Não têm  um rosto p´ra beijar!
Que os acorde de manhã,
Para o dia começar.

Chora com frio e fome,
Apenas por não ter pão!
Nunca chegará a ser homem,
Porque só lhe dizem - Não!

Querida criança!
Onde estão os teus direitos?
Só sem esperança
E teus sonhos desfeitos.
_______
 
Meninos de Rua!
Lu_guerreira
            
Meninos de rua vivem sem futuro
sem uma expectativa de vida,
ficam no sinal de transito, para vender seus produtospedem, imploram, roubam, usam drogas...

Não sei quem os protege se Deus ou
um anjo por ele enviado.
Eu não os culpo por situação precária,
Eles precisam de educação
sim, pois a educação é a base de tudo!

Quantos meninos de rua estão ali para sustentar suas
 famílias, quantos estão ali que vendem, pegam o dinheiro
das vendas e vão usar drogas.
 Muitos! Quantos saem da li
e vão estudar, quantos estão ali querendo não estar...

São obrigados, são filhos de pais desempregados, alcoólatras,
e  mesmo de pais trabalhadores que, com que ganham,
não da para sustentar sua família  com honestidade e dignidade...

Nossos meninos de rua precisam
de uma oportunidade, precisam e querem
ser cidadãos com futuro, como toda
criança deve ter, o menino de rua só
quer ser feliz...quer viver na sociedade
sem ser descriminado por ela...
Quer ser gente! Quer ser alguém...
E assim ele poderá,
estudar, trabalhar, produzir e ser feliz! 
_______
 
Ao  Relento...
Conceição Di Castro
            
Percorrendo as ruas mais escuras,
Deparo-me com flores já murchando
Antes mesmo de abrirem de ternura
O botão sóbrio, já  lá buscando
            
O perfume que se fora. E´cura
Desperdiçada, só sangue chorando
Nas pétalas disform c'a mistura
Dos espinhos da vida só gritando,
            
Clamando o direito de ser belas
Rosas, lírios, cravos, margaridas.
Mas o verme, criador das favelas
            
Não quer o cheiro das floridas
Flores ainda paquenas. São elas
inocentes, famintas, almas doídas.
_______
 

Apenas um menino...
 Marcos Milhazes***

E lá vai ele
Não ta ai para nada
Vive nas madrugadas,
como morcego, dorme o dia inteiro.
e acorda sempre com olho colado e um aberto
reclamando que nem tem banheiro

Mais um dia de malandragem,
Sempre na carona ele detona
Se convida nos bares da vida
Tira uma onda de xerife da vizinhança
Faz sua festança...

Fila um cigarro, esperto e intransigente diz:
Cigarro faz mal para gente
Só fumo quando estou com dor de dente

Quando a coisa fica preta, sempre arruma uma partida.
Quando dá mole e ganha uma dura, vai logo dizendo:
-Sou de menor
Para ai seu poliça, só corri com medo da bala perdida.

Não adianta esculachar na pista
Ou me prende ou tô de saída
Ae mano da dura,
quem sabe lá frente sempre pinta um lance jóia
Você rala nas madrugas e seus chefes só na manguaça

To te filmando, se liga
Se você olhar direito vai sacar.
Não sou navalha aberta e nem fio desencapado.
Fica frio e não me tira como gente sem história

Acabei nessa pelos eternos integrantes,
daquela eterna e velha escória.
Falo dos políticos e agora seus filhos sucessores
É claro...
Assim eu não güento!!!
Se segura Brasil...
_________


 JESUS  , O  MENINO-ANJO !
Vera Mussi
( reflexão)
            
            
Resta despertar o Amor entre os
" Meninos da Sé", tão humanos ...
Sobra a Fé dirigida a Deus Supremo !
Falta crer na outra vida além ...
Sobra a compaixão dos que crêem na
eternidade presente !

Resta o Amor Maior para indicar o
Caminho e a Verdade ... 
Sobra a inspiração divina a espalhar o bem ...
Resta a verdadeira Luz da felicidade !
Falta a lealdade entre os humanos em conflitos .

Restam as dúvidas nos entremeios do Ser.
Sobra a compreensão na alma contrita .
Falta o amor sincero entre os irmãos insensíveis .
Sobra a paciência reinante nos corações aflitos.

Resta ainda a esperança no amanhã de ninguém ...
Sobra a realidade das coisas invisíveis !
Resta a Vida dentro da vida de Alguém . 
Falta a paz entre os meninos-orfãos, em atritos !
            
Resta à " Sociedade dos Homens de Bem "
aplicar as lições deixadas por JESUS , 
O Menino-Anjo do Amor ,
O Protetor !
Falta aos humanos a fidelidade espiritual
ao Deus da Humanidade ,
O Grande Coração !
Por derradeiro...
Resta a conversão universal!
 
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A escolha...
'A Poetisa dos Ventos '
Deth Haak

            

Quão abnegadas almas que aos nossos olhos
A piedade desperta,
Nas soltas pastilhas de calçadas 
Desertas...

 Senhor ! Poetas irmanados hão de chorar
Os meninos vadios e fugidios das lágrimas
Aqui no meu grito. Desertores da sorte,
Ou serão escolhidos...

Peregrinos remidos da sina descrita
Os meninos perdidos, ou serão achados?
Onde estão nossos braços nos afagos
 que lhes faltam
Meninos banidos de seus lares corrompidos...

Que escolhem as praças! E nós onde estamos
No medo que assola estender a mão o pão da esmola.
Sim meus irmãos, somos nós o solo fértil
Dessa proliferação!

Quão egoístas somos! Falamos em igualdade
Só no discursar o aloucado, na piedade
Não evoluímos no espírito, tragamos para
Nós a compaixão, quem tem olhos que o veja
Eles têm uma missão! 

Despertar os ignóbeis
Que trazem na face os olhos e não tem visão!
Nem só de pão viverá o homem! Meninos
De rua de almas quiçá mais nobre que a minha;

Doe amor em demasia! Quem sabe um
Dia nos deparemos com as calçadas vazias...
Em noites geladas nas nuvens harmonizadas!
Doar o que não te serve, não é fazer caridade
É demagogia! Solidariedade é desejar um bom dia!
Dorme o meu filho agasalhado e alimentado
Pelo amor que me oferta no dia...

Dê aos desprovidos 
Grifados de banidos da hipócrita sociedade, 
uma prece agradecendo ao criador, a oportunidade 
que os meninos de rua tem a nos ensinar e inspirar.
Amor ao próximo é muito mais que
 um aquecer corpos,
em cobertas rotas, que  não te serve no armário... 

È não esperar as autoridades, eles
Não vêem o que vemos , pois seus carros teen vidro Fume e são blindados. E dormem os seus aquecidos
Em seus lares... Não vamos culpá-los.
 vamos amá-los
Até mais ver...

O meu amor aos "psêudos" meninos de rua.

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