Naná

Por_Jota Há



Se a Moda Pega...
Ah!... Se a moda pega...
Dizem que o exemplo deve sair de casa, mas...
Minha cachorra não era nenhum poodle toy,
muito menos se chamava Armandinho.
Nem ficava bem, era uma cachorra, raça semelhante,
mais ou menos as mesmas manias.
Viveu em nossa companhia, quatro anos mais
do que já viveu o famoso Armandinho.
Ela se chamava:
NANÁ
Naná conviveu conosco durante os dezessete anos
de sua existência, cinco dos quais,
com todas as manias que teve direito.
Vou contar só uma das tantas manias, pois as outras
eram muito parecidas com as que já foram relatadas com grande maestria pelo amigo do Armandinho...
digo amigo, porque cachorro
não tem proprietário nem dono.
Eles são nossos amigos em retribuição a nossa amizade.
Portanto, para eles, a recíproca é verdadeira.
Ela, a Naná,
nos seus últimos quatro anos de vida deu-se ao luxo de na sua única refeição diária só comer bife.
Atentem para o detalhe:
aguardava que eu chegasse em casa para almoçarmos juntos,
ficava de dez a quinze minutos olhando para o bife inteiro no recipiente,
com as patas dianteiras cruzadas,
aguardando que eu o cortasse em pedacinhos,
só então comia.
Esta é uma homenagem póstuma que presto a ela e,
é também, meu pedido de desculpas...
fui forçado a abandoná-la em seu sepulcro.
Quando ela morreu sepultei-a no jardim da casa
em que morávamos,
o proprietário pôs o imóvel a venda,
interessou-me a compra, mas por motivos...
não consegui realizar o negócio.
Mudamos para outra cidade e lá ficou a nossa Naná.
A minha grande culpa está na falta de comunicação,
custava eu ter redigido uma pequena carta,
um bilhete que fosse, mais ou menos nestes termos:
Sr. e Sra. Moradores.
Prezadas Pessoas:
Vocês não sabem quem somos, nem nós os conhecemos,
porém fomos moradores nessa casa por muito tempo.
Ao deixá-la para que vocês pudessem tomar posse,
não conseguimos levar todos nossos pertences,
acabamos deixando algo muito caro para nós.
Daí o nosso pedido.
Por favor, quando forem cuidar do jardim,
não cavem a terra perto daquela árvore...
com folhas avermelhadas que se encontra encostada no muro.
Esse lugar é o lugar onde enterramos parte de nós:
nossa cachorra
NANÁ
Muito Obrigado.
Hoje me envergonho por não ter procedido assim.

Jota Há

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