BRINDE DESENHO



A nuvenzinha que no céu passou,
Lépida e alegre, sem nenhum rumor,
Num pé-de-vento foi e não voltou:
Era uma folha num jardim sem flor...

Virando a folha um sol no céu brilhou
E fez surgir um dia de esplendor,
Veio uma sombra e o dia se apagou:
Era um desenho num papel sem cor...

Por que será que meu rabisco leve,
Que traço em suavidade colorida,
Esvoaça fácil feito um sonho breve?

E tudo que eu amei foi despedida...
E por que o meu destino não escreve
Uma história feliz na minha vida?




O VENDEDOR DE BONEQUINHOS



De manhãzinha à beira da calçada
Todo dia uma corda eu estendia
E pendurava nela uma braçada
De bonequinhos feios que eu vendia.

Eram polichinelos que eu fazia
De trança de algodão, à mão desfiada...
No pano das feições não conseguia
Puxar-lhes traços de melhor fachada.

Ao desbotar o azul no fim do dia,
Quando eu os desatava dos alinhos,
Desse varal de cordeação brilhante,

Esses desengonçados bonequinhos
Desciam-me nas mãos com alegria
E me davam abraços de barbante!




DESPERCEBIMENTO



Dentro dos seus sapatos desbotados
Ele saiu de casa e foi distante,
E foi além da conta, andou bastante,
Até achar caminhos nunca achados.

Esse homem, descontente e itinerante,
Não disse adeus quando se foi aos lados,
Deixou atrás de si rostos molhados
E colocou a Sorte vida adiante.

Depois, voltou, trazendo na memória
O que o Mundo não lhe pode servir,
E ao retornar ao lar: - Ó Sorte inglória!

Nenhum sorriso amado viu sorrir...
Chamou, cantou, chorou, contou história,
Mas ninguém quis saber e nem ouvir

José António Jacob
 
E no livro tem muito mais..
 
 
 
 
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Imagem de topo, recebida em mensagem _ Fundos _ Cecília Rodrigues
 
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