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Era
Uma Vez...
Era uma vez, um pobre,
triste e solitário menino
Vivendo fechado em antiquado e lúgubre casarão...
Sem conhecer da vida as razões daquele destino
Separado de sua mãe, família e de seu irmão...
Sem afagos, não havia sorrisos em seu rosto,
Severos deveres a cumprir em duro quotidiano
Maus tratos na alma e sofrimentos no seu corpo
Fome imutável, doença, frio, abandono e engano...
A duras penas aprendeu a arte da sobrevivência
Suas armas na luta diária, o desespero e a dor
Vendo pelo Natal os companheiros de vivência
Receberem os afectos, os presentes e o amor
Sentia em sua alma confusa, a incompreensão
Do significado do Natal que como sonho intuía
Seres afectuosos tais deuses que na sua ilusão
O amariam se fizesse parte desse mundo, um dia...
Mas preso estava de obrigações já tão pequeno
Mas sonhar podia pela madrugada escura, afora....
E nessa noite de Natal, um luminoso anjo sereno,
Fez-se presente e cantou até ao nascer da aurora
Em doce melodia e pura voz maviosa lhe assegurou
Que em sua vida futura seria um bravo cavaleiro mago
Seres afectuosos fariam parte de seu dia, tal sonhou
Mesmo que não os visse, sua alma sentiria terno afago
Então dos grandes olhos escuros uma lágrima rolou
Ardente em fio escorreu em seu rostinho dolorido
Querendo abraçar aquele ser de luz, que lhe escapou
Deixando uma ténue esperança em seu peito doído
E a manhã de Natal chegou, clara, luminosa, e decidido
Ergueu-se para mais um dia de guerreiro, enfrentar
Mas a sua solidão como por magia, tinha desaparecido
Entes de luz, docemente sua alma, vinham acariciar...
Arlete Piedade
Ciranda Natal
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