Rua
Lucas Fortunato, 63
Santos/SP
a minha rua é aquela
onde nasci
e ao relembrá-la
como a vi
eu choro pois sobre
ela
me ensinaram a
responder a cada vez
que me
indagavam...onde você mora?
na luca
fofunato,sessenta e tês!
era lá que nas
manhãs eu, da janela,
dava adeusinho ao
meu paizinho
que no reboque do
bonde 2
ia para o trabalho
percorrendo toda ela
era aquele leito
que eu atravessava
nunca sozinha
para ir em frente
num porão
ouvir as estórias da
Tudinha
ou adentrava pela
funerária ao lado
para receber, na
casa ao fundo,
os mimos de Marina
minha madrinha
era naquele
quarteirão de amizades
que eu achava muito
divertida
a minha infantil
atividade
acompanhar minha mãe
às compras
na padaria do seu
José sempre contente
ora pois...era
certeza
ganhar balas de
presente
e com zezinho e
irene
filhos da
quitandeira Dona Maria
as brincadeiras na
calçada azulejada
da amarelinha, do
pular corda
e do fazer tudo que
seu rei mandava
as casas daquela rua
eram geminadas
num porta e porta
onde a fraternidade
imperava
briga entre
vizinhos não havia não
a paz reinava como
se todos
formassem uma única
família
de irmãos
e no fim das tardes
de calor intenso
ou do mormaço do
vento noroeste
cadeiras ocupavam o
espaço
e muita conversa
fora
e risadas jorravam
no pedaço
entre os adultos
num animado bate
papo
eu sentada na
soleira
olhar atento para a
esquina
onde o bonde 6
fazia a curva
pois no fim do
dia com certeza
meu pai dele descia
ai que saudade
e dói o coração
saudoso
sem concordância
afinal... bate com
vontade
a saudade da rua
ou daquela infância?
Gui Oliva
Santos/SP
20/06/06
RR
A Minha Rua
Gui Oliva
a minha rua
tem sabor de infância,
de folia,
brincadeira e traquinagem,
com um céu
de pipas coloridas
traz o
arco-íris em sua roupagem
a minha rua
borrifa uma fragrância,
por certo é
cheiro de jasmim
esse perfume
que acaricia
quando,
espargindo, bate em mim
a minha rua
retoma a relembrança,
da amarelinha,
do jogo de botão,
do esconde -
esconde, do fazer tudo
que o rei
mandar e sem tardança
a minha rua é
aquela que escolhe,
no
aguaceiro do leito, numa competição,
o mais
lindo barco de papel feito,
após a chuva
ter caído de roldão
a minha rua
revive, como um eco
silente, esse
tempo que passou
mas que se faz
ainda tão presente,
na recordação
dela, tão linda, que sobrou.
Santos/
18/01/07